domingo, 28 de abril de 2013

Post dedicado


Quando se viveu muito tempo sozinho
e o tordo-eremita chama e se ouve a resposta,
e a cabeça da rã-touro, de fora da água, murmura
as cantilenas que cantou na Primavera inicial,
e a serpente se agacha sobre o umbral,
a arrastar-se entre as pedras, vê-se bem
que todos vivem para se unir aos seus iguais, e sabe-se,
depois de muito tempo sozinho, de muitos passos andados
longe dos seus, guiados para estes outros reinos,
que a dura reza que o canto de si contém
é para o regresso, quando se puder, de volta aos seus,
um mundo quase perdido, no exílio que se adensa,
quando se viveu muito tempo sozinho.

(Galway Kinnell, "9", in New Selected Poems: Galway Kinnell, Houghton Mifflin, 2000.
Tradução: AIS, a partir daqui.)