sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Moinhos na poesia (52)

“DOM QUIXOTE”

I

Sobre a cidade
silêncios imprevistos.

Atravessas
com um sorriso indefinível
as fronteiras:
conheces os espinhos de todas as sebes.

E avanças,
para lá dos hálitos quentes dos homens,
do sono após o amor,
da angústia e da prisão.

Sobre os escombros azuis
como as corolas do linho,
liberta
corres cantando:

mas fechas os olhos
se ao fundo, no céu,
as asas brancas dos moinhos
são despedaçadas
pelo vento.


II


Chegam-te
roucos
os gritos assustados
da terra árida:

enquanto se prolonga,
na asa imensa
girando,
a tua crucificação.

Antonia Pozzi, 21 e 22 de Fevereiro de 1935.
Tradução, em gentilíssimo exclusivo: ID. Obrigada!

"Don Chisciotte"

I

Sulla città
silenzi improvvisi.

Varchi
con un sorriso indefinibile
i confini:
sai le spine di tutte le siepi.

E vai, oltre i fiati caldi degli uomini,
il sonno dopo gli amori,
l'affanno e la prigionia.

Su la petraia che è azzurra
come le corolle del lino,
liberata
canti correndo:

ma chiudi gli occhi
se in fondo al cielo
le ali bianche dei mulini
si dilacerano
al vento.

21 febbraio 1935


II

Fioche
dalla terra brulla
ti giungono
grida atterrite:

mentre seguita
su l'ala immensa
a rotare
la tua crocefissione.

22 febbraio 1935