domingo, 29 de abril de 2018

Ruínas de Milreu


   É muito fácil, em Milreu, pisar involuntariamente uma formiga agigantada, embora pequena se comparada com o que resta do templo ou com as douradas transcritas para mosaicos cuja cor se foi esbatendo. Também é fácil tocar ou pisar pedrinhas soltas ou conchas dispostas em espiral no que seria o centro exacto do templo. Mais difícil é perceber o que herdámos realmente de tantos séculos, o que aprendemos ou desaprendemos com aquilo a que chamamos história. Deus, caso andasse por ali, habitaria as laranjeiras, separado de nós por umas grades.
(Manuel de Freitas, Sob o Olhar de Neptuno, edições 50Kg, Porto,  2018, p. 5.)